Centro de documentação
e arquivo feminista
elina guimarães
Carolina Michaëlis de Vasconcelos (1851-1925)
Nascida em Berlim, em 1851, desde cedo que se dedica ao estudo dos fenómenos linguísticos e literários portugueses, integrando-os no conjunto das línguas e literaturas neolatinas e, em última análise, no contexto da cultura ocidental. Casada com Joaquim de Vasconcelos, estabelece residência na cidade do Porto, onde continua a dedicar-se à sua obra literária e ao ensino.
Cabe a Carolina Michaëlis de Vasconcelos o mérito de ter sido a primeira mulher a ser nomeada professora universitária, em Junho de 1911, na Faculdade de Letras de Lisboa, onde nunca chegou a leccionar. Desejando continuar a residir no Porto, obteve a sua transferência para a Faculdade de Letras de Coimbra, onde manteve intensa actividade docente na regência das cadeiras de Filologia Românica e Portuguesa.
Paralelamente toma consciência da situação das mulheres portuguesas: o profundo atraso educacional, patenteado não apenas no analfabetismo das classes inferiores mas também no desprovimento cultural e intelectual das mulheres dos estratos sociais mais elevados.
Em artigos que escreveu para O Primeiro de Janeiro, intitulados “O movimento feminista em Portugal”, Carolina explana o seu ponto de vista na senda da emancipação feminina, definindo o trabalho e a educação como decisivos para o processo emancipatório das mulheres.
Preocupada com a problemática feminista e a insuficiência de biografias de mulheres ilustres na sociedade portuguesa, Carolina publica dois estudos biográficos sobre mulheres renascentistas: Infanta D. Maria e suas damas e Públia Hortênsia de Castro.
Em 1913, inscreve-se na Obra Maternal, tendo sido nomeada, em 1914, Presidente Honorária do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, uma homenagem ao seu contributo em prol da emancipação feminina.
Carolina Michaëlis de Vasconcelos morre no Porto a 16 de Novembro de 1925, tendo-lhe a revista Alma Feminina, dedicado um número especial.
Joana e Teresa Sales