Centro de documentação
e arquivo feminista
elina guimarães
Maria Veleda
Maria Veleda foi pioneira na luta pela educação das crianças e os direitos das mulheres, destacando-se como uma das mais importantes dirigentes feministas.
Estreou-se na imprensa com a publicação de poesia, contos e novelas, dedicando-se depois aos temas feministas e educativos. Em 1902 publicou Biblioteca Infantil, contos “Cor-de-Rosa”, e o opúsculo Emancipação Feminina.
Foi sócia fundadora da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e mentora da Obra Maternal para acolher e educar crianças abandonadas ou em perigo moral. Incentivou a criação do Grupo Dramático da Liga e escreveu peças de teatro feminista e revolucionário, levadas à cena em benefício da Obra. Em 1912, o governo nomeou-a Delegada de Vigilância da Tutoria Central da Infância de Lisboa.
Em 1908 criou cursos nocturnos e conferências educativas nos Centros Republicanos Afonso Costa, António José de Almeida e Botto Machado, para instruir e educar as mulheres, preparando-as para exercerem uma profissão e participarem na vida social e política.
Entre 1911 e 1915, como dirigente da Liga Republicana, empenhou-se na luta pelo sufrágio feminino, escrevendo, discursando, fazendo petições e chefiando delegações e representações aos órgãos de soberania. Combateu o alcoolismo e a prostituição, sobretudo, a de menores, e o direito de fiança por abuso sexual de crianças. Fundou o Grupo das Treze para combater a superstição, o obscurantismo e o fanatismo religioso que afectavam sobretudo as mulheres e impediam a sua emancipação.
Iniciada na Maçonaria, tornou-se livre-pensadora e aderiu aos ideais da República, tornando-se uma oradora brilhante. Alguns dos seus discursos e conferências foram publicados no livro A Conquista, prefaciado por António José de Almeida.
O combate à monarquia e ao clericalismo valeu-lhe a condenação por abuso de liberdade de imprensa.
Depois da implantação da República, por ocasião das incursões monárquicas, integrou o Grupo Pró-Pátria e percorreu o país, discursando em defesa do regime ameaçado. Em 1915, em nome dos ideais da liberdade e da democracia, combateu a ditadura de Pimenta de Castro e, a seguir, envolveu-se na defesa da entrada de Portugal na 1ª Guerra Mundial. Nesse mesmo ano, saíu da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, filiou-se no Partido Democrático e fundou a AssociaçãoFeminina de Propaganda Democrática.
Desiludida com a actuação dos governos que não cumpriram as promessas do Partido Republicano, abandonou o activismo político e feminista em 1921, após os acontecimentos da “noite sangrenta”. Todavia, na imprensa continuou a defender os ideais feministas e republicanos que sempre a nortearam.
Natividade Monteiro